(Foto: Antonio Valiente /Agencia RBS/Reprodução da Internet)
Comerciantes de Lagoa da Prata manifestam pela abertura de estabelecimentos
Com a ‘onda roxa’, medida imposta pelo Governo de Minas Gerais para todas as cidades do estado, que deve seguir até domingo (11), donos de estabelecimentos considerados não essenciais estão sem trabalhar há quase um mês devido às prorrogações da fase restritiva.
Em Lagoa da Prata, trabalhadores de diversos setores foram prejudicados devido ao fechamento temporário de seus locais de trabalho e para expressar a indignação e apelar para o poder público para a reabertura do comércio, um grupo está organizando uma manifestação que acontecerá nesta quarta-feira (7) às 10h30, saindo da Praça de Eventos e que seguirá até o prédio da Prefeitura Municipal.
Para esta reportagem, a redação do Sou+Lagoa conversou com Henrique Ferreira, que é comerciante e participante da manifestação, Thais Serapião, que trabalha no setor de beleza e que participará do manifesto e também com Rafael Oliveira, proprietário de um estúdio de treinamento físico na cidade, que falou sobre as medidas restritivas.
Conforme Henrique, o comércio local não tem como sobreviver ao lockdown, e por isso a manifestação será feita. “Em várias cidades mesmo na onda roxa, os comércios vem operando, mesmo de forma mais restrita. O que estamos pedindo não é auxílio, não é ajuda, é o direito de trabalhar. Concordamos com qualquer medida de segurança imposta por eles desde que possamos abrir as portas. Não queremos ver as empresas que lutamos tanto para construir, falir”, declarou.
O comerciante ainda falou sobre o funcionamento dos estabelecimentos que são considerados essenciais. Ele alegou que o primeiro fechamento dos comércios no início da pandemia era para ganhar tempo e criar infraestrutura para combater a pandemia, evitando o colapso do sistema de saúde, mas “um ano depois não foi feito nada, e estão repassando a culpa da propagação [do vírus] para os comércios, os pequenos comércios para ser mais preciso, que não são como todos sabemos. Os principais focos de contaminação, os principais pontos de aglomeração continuam abertos e sem tomar medidas de proteção adequadas, que são bancos, as lotéricas e grandes supermercados. O comércio essencial e o que coloca comida na casa das pessoas, vários comerciantes vão falir, de onde vão tirar dinheiro para pagar aluguel? Folha de funcionários?”, indagou.
Setores afetados
A redação também conversou com a maquiadora Thaís Serapião, que em 2020 teve que se reinventar na área da beleza devido ao agravamento da pandemia. Para ela, a restrição dos serviços não essenciais na ‘onda roxa’, é “oito ou 80, ou abre tudo ou fecha tudo! Não gosto de injustiças e vejo que nesse fechamento só os pequenos [comerciantes e estabelecimentos] estão sendo prejudicados”, pontuou.
Sobre sua reinvenção no setor da beleza, Thais falou que deu uma pausa na maquiagem que era seu foco, e passou a trabalhar em outras áreas, como sobrancelha, cabelo e extensão de cílios. De acordo com ela, esses são serviços que as mulheres estão sempre buscando para aumentar a autoestima.
“Beleza também é saúde e é preciso se cuidar para se sentir bem. Mas ainda assim, me sinto muito prejudicada nessas áreas. Nós que trabalhamos com salão de beleza, barbearia e etc., temos a possibilidade de fazer o controle de pessoas que vão entrar e iremos atender, e sempre fazer a higienização do local, então estamos sendo prejudicados sem necessidade”, disse.
Thais destacou que um auxílio para os proprietários de estabelecimentos não os ajudaria, pois “o comerciante quer trabalhar e correr atrás do seu, porque um dia esse auxílio acaba. Vemos um exemplo de uma cidade vizinha, Divinópolis, onde a nossa área já voltou. Então queremos saber por que algumas cidades estão flexibilizando e outras não. A manifestação de amanhã não será para atacar prefeito ou vice-prefeito, mas sim um ato pacífico e só queremos mostrar que precisamos trabalhar. Ninguém quer trabalhar escondido e com medo de fiscalização, não somos bandidos, somos trabalhadores”.
Ela ainda disse que um plano de contingência foi apresentado ao prefeito Di Gianne Nunes, mas não obteve resposta. Thais encaminhou à redação o plano, confira: Plano de Contingência
Conforme a Assessoria de Comunicação (Ascom) ao Sou+Lagoa nenhum plano foi apresentado ao Gabinete e ainda informou que, esse tipo de sugestão, como um Plano de Contingência, deve ser apresentada diretamente ao Comitê de Enfrentamento à Covid-19. “O papel da Prefeitura é ajudar o máximo possível na retomada da normalidade, seguindo as orientações do comitê”.
As academias, estúdios de treinamento e ginástica também foram afetados na ‘onda roxa’ e também tiveram que manter as portas fechadas temporariamente. Rafael Oliveira é proprietário do estúdio Nine Treinamento Físico, em Lagoa da Prata e ao Sou+Lagoa ele disse que é a favor das medidas restritivas, desde que seja para todos os comércios e estabelecimentos.
“Não existe o termo “serviços essenciais”, todo trabalho é digno e merece ser respeitado. Em minha opinião, é injusto alguns comércios, como os bancos, supermercados e indústrias, estarem funcionando e muitos com aglomeração e sem controle algum, enquanto o pequeno empresário, acompanha tudo de portas fechadas”, declarou.
Rafael ainda ressaltou que profissionais da área da educação física trabalham com a promoção e manutenção da saúde. “As academias e estúdios são aliados nessa batalha e não propagadores do vírus e já existem vários estudos relacionando o nível de aptidão física e o agravamento no quadro de pessoas que contraem covid-19. Quanto maior o condicionamento físico geral, menor a chance de ser entubado. Mas ver tudo isso não ser reconhecido pelos nossos governantes me entristece bastante. Por enquanto, seguimos com adaptações, fazendo lives e vem dando certo e na medida do possível estamos seguindo com o nosso propósito de contribuir com a saúde da população”, finalizou.
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