‘Surfando no asfalto’: Grupo populariza prática de longboard em Lagoa da Prata

O Longbonde, que popularizou a pratica do longboard em Lagoa da Prata,além de ser um grupo de pessoas que se encontram pra andar de skate, é também um grupo de bons e verdadeiros amigos. (Foto: Inácio Mattos/ Divulgação).

‘Surfando no asfalto’: Grupo populariza prática de longboard em Lagoa da Prata

Lagoa da Prata é curiosamente conhecida por suas planícies, avenidas e ruas largas. Pela cidade é normal transitar de bicicletas, patins e skates, mas o que está chamando a atenção da galera nos últimos meses é a adesão de uma nova modalidade esportiva. Muitos jovens têm se reunido no bairro novo, conhecido como residencial Palmeiras para além das frequentes caminhadas, “surfar” em cima dos longboards, skates de shapes e rodas maiores, utilizados principalmente para a prática de street.

A própria topografia da cidade aliada às belíssimas paisagens e aos cartões postais permitem que os amantes de qualquer esporte se sintam em casa, e mais do que isso, que tenham inspiração e motivação para praticar esporte. Assim, por amor ao esporte e ao longboard, surgiu o grupo “Longbonde” que já possui mais de 50 membros e estes se reúnem para descer asfalto abaixo, ou para um rolê casual entre amigos, já que por causa do esporte a relação ficou bastante próxima.

“Me alegra muito ver que o Longbonde deixou de ser apenas um grupo de pessoas que se encontram pra andar de skate para se tornar um grupo de bons e verdadeiros amigos. Pessoas que não se conheciam, pessoas de realidades diferentes, classes sociais diferentes, com diferentes histórias de vida, se apoiando e se divertindo juntos”, declarou Raissa Ribeiro, membro do Longbonde.

O grupo praticante do Longboard, o Longbonde já conta com mais de 50 integrantes ativos. (Foto: Longbonde/Divulgação)

No local onde o pessoal pratica o esporte, ainda tem poucas residências e menor movimentação de veículos, assim os praticantes de longboards tem o utilizado para praticar manobras e exercitar. Segundo Raissa, estas atividades começaram após a criação de um grupo no WhatsApp de cidadãos que já faziam a prática do longboard.

“Eu não fazia ideia de quantas pessoas conheciam e praticavam longboard aqui em Lagoa da Prata. Eu tinha duas únicas referências de pessoas que curtiam o long, foi então que criei um grupo no Whatsapp para combinar encontros para o famoso “role” de long. E com apenas quatro membros nasceu esse grupo, que pouco menos de dois meses depois já somava mais de 50 integrantes ativos na prática esportiva”, contou.

Raissa ainda disse que sempre foi uma admiradora do skate. Na adolescência teve interesse e até um sonho de ser skatista, porém nunca teve “coragem” de se aventurar sobre as rodinhas.

“Existia muito preconceito com relação as mulheres que andavam de skate na minha época, afinal sempre fui aventureira e corajosa. Quando vi que haviam algumas meninas que eu conhecia e andavam em um skate de nome diferente: longboard, resolvi experimentar”.

Renata pratica longboard desde agosto. (Longbonde/Divulgação).

E essas tais meninas estão quebrando os paradigmas e dominando tudo em cima dos longboards. Renata Amorim e Laiana Modesto, ambas membros do grupo Longbonde, falaram sobre o início na prática do long.

Começando a praticar em agosto, Renata contou que estar sobre as rodinhas descendo pelo asfalto é a sensação mais próxima de voar, o que a atraiu para a modalidade. “A liberdade e adrenalina que sinto quando ando é o que me inspira. É uma sensação tão gostosa que me faz querer mostrar pra outras meninas como é bom e incentivá-las a andar também”.

Apesar das meninas ainda serem minorias na modalidade, elas chamam a atenção em cima do shape. Laiana Modesto é como uma delas. A mocinha que prática desde 2015, conta que desde criança é apaixonada por boards, perambulava por aí em patins, patinete e skate. Teve seu interesse despertado a ver um primo e amigos andando, logo quis aprender.

“Eu brincava no meio dos meninos mesmo porque não tinha companhia das meninas. Às vezes andava com minha prima. E eu gostava de desafiá-los, eles falavam que eu não conseguia e eu treinava muito até conseguir. Mas passou o tempo e eu desencantei. Na época da faculdade amigos dos meus irmãos me mostraram o longboard. Eu ainda não conhecia, mas andei uma vez e apaixonei. Porque é um skate maior, melhor para mulheres andar, achei muito bonito e estiloso e ainda fui pesquisar e conheci um coletivo de mulheres que andavam no litoral brasileiro e ai apaixonei. Quis aprender a modalidade dancing que é dançar no skate”.

Quando Laiana começou a andar, o longboard não era tão popular na cidade, assim ela praticava sozinha. “Sei que não sou pioneira na modalidade, já vi outros meninos andando antes de mim, mas era bem raro. Toda vez que andava era comum o pessoal perguntar sobre o skate, ou pedir para andar. Achavam curioso e diferente”, informou.

Incentivar outras mulheres a praticar a modalidade é a melhor parte, diz Laiana. (Laiana Modesto/Arquivo Pessoal).

Conforme ela, a melhor parte de ter ajudado a iniciar o grupo é o de inspirar outras mulheres a praticar a modalidade.  “Acho que a parte mais legal em ser uma das primeiras meninas a praticar longboard é o de empoderar outras mulheres a praticar a modalidade e deixar bem claro que é adequado para qualquer pessoa, sem distinção de gênero. Sempre achei uma bobagem ter essa de que mulher não pode fazer certas coisas porque é masculino, ou homem não pode fazer certas coisas porque é feminino. A gente pode fazer o que a gente quiser. O importante é se divertir”, declarou Laiana.

O long reuniu pessoas de várias idades, gêneros e tribos. Indo além de um esporte, é uma união de amigos que aceitam cada um, como são. É uma família, que sempre ajuda um ao outro em questões pessoais, estando sempre unidos para o que der e vier.

O grupo que se reúne para andar cresce cada vez mais, tendo sempre alguém querendo aprender, o que é muito importante pra dar visibilidade ao esporte e mostrar que todos são capazes, basta treinar um pouquinho.

Até quem deixou a prática para trás outrora, retornou à paixão da adolescência, como é o caso de David Ribeiro que aos 13 anos começou a descer as ruas sobre rodinhas, porém aos 16 deu uma pausa, quando começou a se envolver com música e começou sua carreira em bandas, fazendo-o abrir mão do skate.

“Já são mais ou menos 4 meses que voltei a praticar, com o long e agora o street também. Fico muito satisfeito por voltar a andar e ter essa galera bacana toda reunida interagindo e andando de skate. Já faz parte do meu cotidiano encontrar com essa turma”, declarou David.

David praticava skate na adolescência e agora com a modalidade de long popular voltou a andar! (Laiana Modesto/Arquivo Pessoal).

E são vários rapazes que praticam o esporte, e olha que desde muito novos eles riscam o asfalto com suas rodinhas de skate. Guilherme Alves, também é adepto a prática desde a adolescência, e além de ser sua paixão, o longboard é um hobbie, além da prática esportiva profissional que o leva a participar de algumas competições. Com inúmeras aventuras, o rapaz contou que com os rolês com a galera sempre há algo de novo para experimentar.

“Todos os rolês de long trazem uma nova experiência e aventuras. Já conheci várias ladeiras, e umas das mais tops foi em Angra dos Reis. Eu peguei uma ladeira em uma estrada de quase 5 km que me levou a uma cachoeira. Uma das melhores experiências no long. É sem dúvida a sensação de liberdade”, disse Guilherme.

Através desta popularização, foi conveniente para a abertura da nova loja em Lagoa, a La Plata, que tem artigos esportivos do gênero, além de roupas e calçados. A redação trocou uma palavrinha com o empreendedor Guilherme Dias, que falou um pouco sobre a onda do longboard na cidade.

“O esporte vem crescendo cada vez mais, tanto o longboard quanto o skate street. É maravilhoso ver isso acontecer de perto pois andamos e vivemos pelo esporte. Esse mérito é dos skatistas pioneiros de Lagoa da Prata que sempre estiveram na rua sem apoio da sociedade e também da prefeitura, e hoje colhe os frutos que plantaram”, declarou Guilherme.

Ele ainda falou sobre a popularização do esporte na cidade, priorizando a união da galera

“Quanto mais a galera se manter unida melhor. A consequência disso é formar atletas de alto nível, realizarmos campeonatos juntos envolvendo o esporte com a arte, a música etc … Isso é skate, somos uma família, falamos a mesma língua e prezamos muito pela amizade e pela igualdade, se começou a andar agora ou se anda há 20 anos vai ser sempre bem vindo e respeitado”.

Guilherme Dias que também anda de skate desde seus 15 anos, desceu até o Bairro Palmeiras para estar com o pessoal. Segundo ele o local é perfeito para a prática, principalmente para quem está iniciando, afinal as ladeiras são bem leves.

“A sensação de ver todos juntos se divertindo é animal pois quando comecei não tínhamos essa liberdade e aceitação do esporte. Hoje vibro por eles e fico feliz por saber que cada dia que passa estamos mais fortes” finalizou.

O grupo se reúne no bairro Palmeiras para descer o asfalto e se divertirem muito. (Foto: Longbonde/ Divulgação).

E o Longbonde, grupo tão querido por seus membros não tem comodidade não! Todo dia é dia de ir para o Palmeiras e bora descer! Os encontros acontecem de forma espontânea, basta dar ideia no grupo e geral comparece. Além da prática do esporte, rola diversas intervenções no local, o pessoal leva violão, música, baralho, bola, muito bate papo, que só enriquece os membros culturalmente e socialmente.

Portanto, se curtiu essa novidade do longboard, ou se já sabia e tinha algum receio, não fique acanhado. O pessoal criou no Instagram uma página do Longbonde, onde compartilham dicas, apresentam o pessoal, e agora, exclusividade! Eles vão começar a fazer vídeos com manobras para incentivar os membros e também sempre orientando as pessoas que tenham interesse em entrar para movimento.

Provavelmente seguir esse pessoal ‘profissa’ no asfalto vai ser difícil, mas rola aquela seguida básica no ‘insta’ para conferir tudinho sobre o long e ainda ver as publicações e novidades assim que saírem.

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Redação