“São eventos que oferecem acesso à cultura de forma gratuita”, diz organizadora do Imergir

O evento contou com cinco shows de estilos diferentes e 18 expositores. (Foto: Gabriel Barbos)

“São eventos que oferecem acesso à cultura de forma gratuita”, diz organizadora do Imergir

Bárbara Félix

Na terra lacustre a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte e já há alguns anos, jovens de Lagoa da Prata têm botado a mão na massa para fazer acontecer eventos independentes, com rica bagagem cultural e para todos. Propiciando muito mais que entretenimento, mas também um intercâmbio de conhecimento e arte.

No último domingo (19) aconteceu na Praça Capitão José Bahia, o Imergir, primeiro evento que o Coletivo Nexalgum realizou neste ano. O coletivo sempre promoveu produções culturais na cidade, após um hiato volta a desenvolver projetos em 2020.

O evento veio para abrir este ano com chave de ouro, afinal, segundo uma das organizadoras, Carol Shineider, o feedback foi bastante positivo.

Imergir veio para integrar e trabalhar com mais áreas culturais. (Foto: Gabriel Barbosa)

Carol contou que o intuito da realização do Imergir foi integrar e trabalhar com mais áreas culturais, agregando ao que é feito em outros eventos, como Lacustre, que geralmente é mais voltado para a música.

“Conseguimos atingir um número interessante de participantes no evento. Foram cinco shows de estilos diferentes e 18 expositores – com desenhos, pinturas, bordados, macramês, brechós. O público marcou presença e só recebemos elogios. É gratificante voltar à produção cultural dessa forma, o que dá um gás para continuarmos, já pensando nas próximas edições do Imergir, bem como de outros projetos”, declarou Shineider.

Oportunidades de expor a arte

Além de toda a cultura e diversidade que o evento emanou, no Imergir jovens artistas e empreendedores tiveram a oportunidade de expor seus trabalhos com produtos bastante exclusivos.

A redação conversou com uma das expositoras, Michely Marins, que teve a chance de mostrar para o público seu talento com o bordado em bastidor. Ela vende seu trabalho através do Instagram na loja @esmero.art.

Segundo Michely, ter espaço para envolver mais com o público e mostrar seu trabalho foi uma experiência única. “Recebi diversas pessoas no stand durante o dia e todos muito satisfeitos com o evento”, contou.

Além de ter sido uma das expositoras, Michely também ajudou a organizar o evento, e ressaltou que produções como o Imergir, instiga e motiva, principalmente a geração mais nova a gostarem e se interessarem por arte, diversidade, cultura e respeito.

“É maravilhoso ver a cidade abraçando nossa ideia, se disponibilizando a ajudar e animados para conhecer o trabalho e a arte do pessoal. O objetivo é incentivar e promover os artistas da cidade e região, conectando as pessoas através da arte”, destacou Michely.

Outra artesã que pôde mostrar o trabalho no Imergir, foi Ana Maria Rezende, que faz acessórios em acrílico e arte em macramê, ambos produzidos artesanalmente, que são vendidos através da loja no Instagram @anabanana.

De acordo com Ana, foi a primeira exposição que participou. Ela também contou que foi uma experiência muito rica.

(Foto: Ana Maria Rezende/Arquivo pessoal)

“Estive em um universo completamente novo pra mim! Receber tantos feedbacks positivos me fez sentir uma alegria enorme. Adorei conhecer gente nova, conversar, explicar, trocar informações. Foi gratificante cada pessoa que passou pelo stand, trazendo energia boa, seja adquirindo uma peça ou passando pra elogiar o trabalho”, ressaltou.

Ana também falou sobre a maneira positiva que o evento afetou a sociedade. Conforme ela, eventos como Imergir, são uma vitrine da regionalidade e características específicas de cada local, mostrando o que cada um tem de melhor para expor ao público.

“A arte e suas diferentes formas de manifestá-la, possibilita o encontro do ser consigo mesmo, de si com os outros e com a totalidade da realidade humana, nos conecta a um todo”, disse a artista.

A sede pela cultura e vontade de fazer acontecer

Embora o Imergir promovido pela turma do Coletivo Nexalgum, tenha sido o primeiro desta nova década, os jovens lagopratenses agitam a cena cultural há bastante tempo, começando em meados de 2010 e 2011 com o e-Cult e o início do Coletivo Nexalgum.

Carol Shineider, uma das jovens que fez parte do nascimento das intervenções culturais, contou que o e-Cult nasceu nas redes sociais, com pessoas falando sobre a falta de eventos culturais e alternativos na cidade, em razão disso, surgiu o evento. Foram três edições, e em todas a Praia Municipal foi o palco.

“E-Cult foi um evento bem plural no quesito áreas culturais, pois havia dois palcos com shows, teatro, dança, esporte, literatura, cinema, roda de conversa, exposições”, disse Carol.

Mais colaborações

E as realizações de eventos como e-Cult e Lacustre não foram somente por conta de Carol Shineider, mas contou com diversas pessoas, um deles Daniel Ribeiro, o Bel, que também colaborou no crescimento da cena cultural na cidade.

Segundo ele, através destas realizações, os espaços públicos foram ocupados com atividades diversas, assim, a população teve a oportunidade de conhecer múltiplos talentos e entusiastas da cultura, num ambiente muitas vezes, plural e diverso de pensamentos e opiniões.

“Lagoa da Prata é uma cidade progressista, com boa estrutura e com grande circulação de pessoas de muitos lugares do Brasil. Eventos assim só fortaleceram a cidade, seja como forma de entretenimento, riqueza da diversidade e de formação de público para consumir a cena artística e cultural. Além do mais, realmente promover cultura, não apenas entretenimento, mas valorizando as pessoas daqui. E um detalhe muito importante, eventos de baixo custo”, disse Bell.

Para Alex Bessas, que também colaborou no surgimento dos eventos independentes, os resultados destes proporcionou à juventude o sentimento de se sentirem integrados nas manifestações culturais.

“Com o contato com a música, o teatro, a dança, o desenho, a literatura ou o bordado, certamente, refletem nas aspirações dessas pessoas. É como se abrissem uma janela, uma outra dimensão de possibilidades de realização pessoal a partir de caminhos novos. Acho que em 2018, em uma edição do Lacustre Festival, era sensível o olhar de uma criança, ainda de colo, hipnotizada pelos movimentos do Bel, que se apresentava na bateria em um show. Não que essa criança vá se dedicar ao ofício da música no futuro, mas, me parece, algo ali mexeu com ela – e não seria esse também o papel da arte?”, declarou Alex.

A terra é ‘Lacustre’ e o festival de música também

Com uma juventude sedenta de cultura e eventos em Lagoa da Prata, a independência e criatividade de trazer ainda mais incentivou a galera a crescer. Assim, em 2015 surgiu o Lacustre, evento que veio da vontade em valorizar e criar espaços para a música autoral.  A primeira edição realizada na Praia Municipal, e as duas últimas na Praça Capitão José Bahia.

O festival de música Lacustre começou em 2015. (Foto: Não Não Eu)

Com três edições do festival que marcou a cidade, Lacustre foi um dos mais importantes para a produção e consolidação de música local, ainda, abriu espaços para músicos e bandas da cidade mostrarem seu som e também proporcionou troca de experiências na música, já que bandas de outras cidades mineiras e até mesmo uma banda da França participaram.

A musicista e organizadora, Carol Shineider destacou que muitos artistas, músicos e bandas nasceram ou se consolidaram nesses eventos, alegando que se não fossem os eventos culturais promovidos, muitos artistas, músicos e bandas não teriam espaço para se apresentarem e mostrarem seu trabalho.

“Mas não só para os artistas, aqueles que participam como ouvinte, expectador, público também é de grande importância, tendo em vista que são eventos que oferecem acesso à cultura de forma gratuita”, finalizou Carol.

E tem +

Em 2019, o Sou+Lagoa com a vontade de dar continuidade ao trabalho do início da década passada, desenvolveu diversos eventos gratuitos nas praças da cidade e que também foram importantes para a promoção de cultura e turismo em Lagoa da Prata.

Na Praça Capitão José Bahia, rolou o primeiro Festival de Cerveja Artesanal, onde o público lagopratense pôde apreciar e conhecer vários tipos de cerveja. O evento ainda contou com muito rock da banda Cabal Tribal.

E com toda energia, o Sou+ buscou ainda mais e com o apoio da ACE/CDL, realizaram em julho na Pracinha Donana o 1º Rocknic! Evento inspirado em piqueniques americanos com pegada de rock.

Sou+Lagoa também faz parte da galera que agita a cultura em Lagoa da Prata. (Foto: Gabriel Barbosa)

Rocknic! ganhou o coração do público, principalmente dos jovens, que tiveram a oportunidade de vivenciar momentos de descontração com amigos e apreciar boa música dos artistas locais nas três edições do evento.

Por fim, no mês de agosto, o Sou+Lagoa também promoveu o 1º Festival de Inverno de Lagoa da Prata, realizado em dois dias na Praça Capitão José Bahia. O evento foi mágico, e mostrou a população que a estação mais fria pode ser bastante encantadora.

Para 2020, a gente continua, aprimorando e trazendo ainda mais novidades, cultura e diversidade e torce para que além dos nossos eventos, Lagoa receba com muito carinho iniciativas culturais como foi o primeiro Imergir.

Redação