Riquezas do cerrado: Descubra as frutas nativas pouco conhecidas pelos lagopratenses

(Foto: Museu de Língua Portuguesa)

Riquezas do cerrado: Descubra as frutas nativas pouco conhecidas pelos lagopratenses

Riquíssima quando se trata de natureza, Lagoa da Prata está cercada de diversidade e curiosidades pouco exploradas em seu bioma, o cerrado, como por exemplo, as frutas, que não são do conhecimento de todos.

Abordando o assunto em reportagem, a redação do Sou Mais Lagoa conversou com o ambientalista Saulo Castro, que é presidente da Associação Ambientalista dos Pescadores do Alto São Francisco (Aapa).

Conforme Saulo, as frutas mais comuns na região de Lagoa são pequi, mangaba, gabiroba, buriti, bacuri ou bacupari, araticum, cagaita. Ele ainda explicou detalhadamente sobre cada uma e falou sobre onde e se podem ser encontradas nas redondezas.

“Conheço todas. O pequi é uma fruta típica do cerrado brasileiro e muito utilizado na culinária caipira. Tem um gosto bastante exótico o que não atrai a todos. Eu particularmente gosto muito. Também é possível extrair um óleo de sua castanha. Mangaba é um fruto deliciosa com propriedades medicinais. Também pode ser usada na fabricação de doces, sorvetes, sucos e licores. Ainda é fácil de ser encontrada nas matas próximas da cachoeira da Cemiguinha indo para a cidade de Moema. Gabiroba é uma frutinha de cor amarela quando madura, muito apreciada porém, muito escassa devido ao desmatamento do cerrado para as pastagens e cana de açúcar. Também pode ser utilizada para a produção de doces, sucos, sorvetes e licores.  O buriti bastante comum em nossa região, principalmente nas áreas de veredas. Daí a importância de se preservar essas áreas como o Parque dos Buritis no centro da cidade e a Vereda da Donana. Seu fruto é muito pouco utilizado em nossa cidade, até onde eu sei. Mas dá para se fazer uma infinidade de coisas com ele. Polpas, picolés, óleo muito bom para frituras, e é o alimento preferido das Ararinhas do Buriti, Periquitão Americano, Jandaias e Macacos. Muitos roedores também se beneficiam de seus frutos. Bacuri também chamado de Bacupari é outra fruta deliciosa do cerrado. Muito apreciado pelos sertanejos que passam longas jornadas no campo a trabalho. O Bacuri é uma grande fonte de energia pois você consegue ficar com ele na boca por muito tempo sem que ele perca o gosto doce. Araticum ainda é fácil de ser encontrado em matas de cerrado em regiões mais altas. Sempre que vou aos Mirandas vejo algumas árvores na beira da estrada. E sempre que dou sorte e os frutos estão maduros, colho alguns para aproveitar em casa. Também dá para se fazer uma infinidade de coisas com ele, mas eu particularmente prefiro os licores. Estamos na época da Cagaita. No último fim de semana estive nos Mirandas e pude observar muito frutos caídos ao chão na beira da estrada. É preciso alguns cuidados na hora de saborear essa preciosidade, pois o fruto não deve ser comido se estiver quente, logo depois que colhemos devido a seu efeito laxante. Daí o nome de Cagaita. Mas é muito rico em vitamina C e ótimo para a produção de sucos e sorvetes”, esclareceu o ambientalista.

Saulo Castro é presidente da Associação Ambientalista dos Pescadores do Alto São Francisco. (Foto: Saulo Castro/Arquivo Pessoal)

Tantas opções de frutas típicas da região, mas tão pouco faladas e conhecidas, como afirmou o ambientalista Saulo, que ressalta que os jovens principalmente, pouco sabem sobre elas.

“Hoje as pessoas tem muita facilidade na aquisição de produtos, e isso inclui as frutas, que não se dão mais ao trabalho de saber de onde vieram e se são nativas. Aliás, dificilmente vemos frutas nativas sendo comercializadas nos sacolões ou supermercados. Preferimos aquelas com bastante maturadores e agrotóxicos. Não é mesmo?” destaca Saulo.

O ambientalista ressalta que a população deveria dar mais valor ao fruto que encontrados aqui, apreciar e conhecer.

“Para isso é preciso que comecemos a desenvolver uma cultura entre as pessoas e isso passa pela Educação Ambiental. O poder público poderia criar um local de comercialização desses produtos subsidiando os produtores. Seria uma forma de valorizarmos nossas riquezas naturais”, disse.

Ao ser questionado se há pessoas que faz o uso dos frutos para produtos artesanais na cidade, Saulo alega que não conhece, mas se houver alguém, que se manifeste para que haja mais valorização e conhecimento.

“Se tem alguém que faça uso dos frutos, seria bom que a conhecêssemos para que pudesse transmitir seus conhecimentos para os jovens num possível interesse da administração pública em implantar esse projeto de valorização de nossas riquezas naturais nas escolas municipais”, destacou Saulo.

+ sobre os frutos

O ambientalista Saulo Castro reforça ainda sobre a existência dos frutos na região.

“É muito provável que muitos frutos tenham se perdido sem que nós sequer os tenhamos conhecido devido, como já disse antes, a um intenso e longo programa de desmatamento que ocorreu no passado, primeiro para o aproveitamento da madeira na construção de vias férreas, cercas e casas. Depois a abertura de áreas de pastagem e, por último as monoculturas de eucaliptos e cana de açúcar. Mas muitas ainda podem ser encontradas, e depende muito do fruto, pois estão bem distribuídos devido a condição de solo. Um local onde se pode encontrar ainda Gabiroba e Mangaba é indo para Moema depois do Rio Jacaré. Já na região dos Mirandas e Ponte de Pedra se encontra muito o Pequi, Araticum, Cagaita. Dentro da cidade no parque dos Buritis encontramos o Buriti”, finalizou o ambientalista.

Redação