Por mais diversidade e menos intolerância: umbandista e espírita de Lagoa da Prata falam sobre suas religiões

(Foto: Geman)

Por mais diversidade e menos intolerância: umbandista e espírita de Lagoa da Prata falam sobre suas religiões

Lagoa da Prata é uma cidade plural em diversos aspectos, seja cultural ou religiosamente. No entanto, muitas religiões ainda não são amplamente conhecidas e, por isso, podem deixar de serem adotadas. É importante promover a tolerância, o respeito e o diálogo entre todas as religiões – já que a maioria busca o mesmo objetivo: a paz e o respeito entre os seres humanos e a natureza. 

O Sou+Lagoa conversou com integrantes de diferentes religiões que são difundidas de forma mais contida, com o intuito de conhecer, propagar e quebrar estigmas em torno de cada uma delas. 

Alexandre Melo é umbandista e participa do Grupo Espírita Maria de Nazaré (Geman) em Lagoa da Prata. Ao Sou+Lagoa, ele contou sua história com a umbanda e como funciona a religião.

“A gente passou a ter contato com a religião através do nosso pai, que era o nosso sacerdote. Porque dentro da umbanda a gente tem o sacerdote, que é o pai de santo, que a gente chama de pai maior. A gente sempre tem o pai maior e o pai menor. E o nosso sacerdote, que era o senhor Manuel, era o fundador juntamente com o atual pai, André, do centro de Lagoa da Prata”, contou.

No Geman, às quartas acontece a Teologia de Umbanda e às sextas palestras, passes e água fluidificada. Quinzenalmente, aos domingos, acontecem as terapias em grupo.

“Primeiro a gente começou como uma casa kardecista, porque dentro do espiritismo a gente tem, resumidamente, algumas vertentes como Allan Kardec, a umbanda, o candomblé… A gente tem dentro de umas dogmas espiritualistas, que abrangem mais um pouco pro Vale do Amanhecer, pro pessoal que consome a Ayahuasca, que é o Santo Daime, pessoal da UDV (União dos Vegetais). Mas quando parte pro espiritualismo, nós somos uma religião de umbanda sagrada, e a gente segue os parâmetros dos livros de pai Rubens Saraceni. O que o Chico Xavier é pros kardecistas, Rubens Saraceni é para nós umbandistas”, explicou.

Alexandre salienta que, o que a umbanda tem em comum com a maioria das religiões, é a supremacia de Jesus Cristo como mestre – também é uma religião de base cristã. 

“A migração se deu porque a doutrina de Kardec é muito ampla no aspecto ético e moral, e a umbanda já é um estudo mais profundo do universo, das leis universais e das leis de Deus”, falou ele sobre a transformação de casa kardecista para umbanda.

Alexandre afirmou que o acolhimento é garantido àqueles que queiram conhecer a umbanda, porque nunca haverá julgamento. Segundo ele, o objetivo desta religião é promover o ser humano para que ele possa viver feliz e ajudar a lidar com os problemas, até que eles pareçam cada vez menores.

“Eu diria pra alguém que tem vontade de conhecer a umbanda, que ela é a religião do amor. Porque a umbanda é uma religião que não tem dogmas. A principal característica dela é que você tenha uma vida plena, em todos os sentidos – no sentido espiritual, mental, físico, familiar, e no sentido material também, por que não?”, disse. 

O umbandista reforçou a importância de estudar e se informar, para combater a ignorância que é fonte da maior parte dos julgamentos, que, segundo ele, vêm de quem não tem conhecimento.

“A gente acha importante combater pré-conceito. As pessoas formulam um conceito daquilo que ela nunca frequentou, nunca viu, e o que é muito comum acontecer, que confunde as pessoas, porque as pessoas nos procuram e perguntam ‘ah, vocês fazem trabalho?’ e a resposta que a gente sempre dá é ‘não, a gente desmancha trabalho’. A Umbanda não faz o mal, a Umbanda só faz o bem. Se eles deram o nome de ‘Centro de Umbanda’, não é Umbanda; mas a pessoa tem o direito de dar o nome que ela quiser. Com isso, foi gerando um grande preconceito”, relatou.

O Geman fica localizado na Rua Hélcio de Castro, número 640, Bairro Paradiso; com acesso pela Rua Alexandre Mendes Maciel. 

Nicole Soares é espírita e conheceu a religião através das amigas, e conta ter sido a única explicação para suas questões espirituais. 

“Por volta de 13 anos [de idade], conversando com um grupo de amigos sobre o que acreditávamos ou não referente a religiões e crenças, duas amigas disseram sobre o que elas acreditavam na visão espírita. Eu me interessei, pois foi a primeira vez, e ainda única, que as ideias/crenças explicavam meus questionamentos sobre Deus, injustiças/justiças, pra onde que a gente vai quando morrer, e etc”, contou.

espiritismo
(Foto: Nicole Soares)

Para ela, o principal estigma do espiritismo vem das associações negativas e sem fundamentos, feitas por quem não conhece a religião.

“O fato de não a colocarem como uma religião Cristã, sendo que é fundada no Evangelho de Jesus, nos seus exemplos e na crença em Deus; e também de associar a magia negra, enquanto não realiza nada nesse sentido, o que estaria compra seus próprios princípios, pois tem como base os lemas: ‘sem caridade não há salvação’ e ‘amar ao próximo como a si mesmo’”, explicou.

 

 

 

Para quem quer conhecer a religião, Nicole diz que é ideal deixar qualquer receio de lado.

“Ir em alguma palestra/reunião para poder realmente conhecer, pois não ouvirá menos do que sobre o amor, fazer o bem e ser alguém melhor!”, disse. A sede espírita fica localizada na Rua Santa Catarina, número 805.

Ana Isa