(Foto: Fernanda Farnese/Arquivo pessoal)
“O mundo precisa da ciência e a ciência precisa das mulheres”, diz bióloga lagopratense
É celebrado nesta quinta-feira (11) o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência e nesta data tão importante, o Sou+Lagoa traz uma entrevista com a bióloga lagopratense, Fernanda Farnese, que no ano passado foi uma das vencedoras do “Programa Para Mulheres na Ciência 2020”, promovido pela L’Oréal Brasil, em parceria com a Unesco no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Fernanda contou sobre como e quando decidiu que seguiria na carreira de bióloga, além da jornada na faculdade e mercado de trabalho. Ela também falou sobre suas inspirações e deixou um recado para motivar meninas que desejam seguir na área da ciência.
Conforme ela, decidiu começar na carreira de bióloga quando estudava no ensino médio na Escola Estadual Chico Rezende. “Foi ali me apaixonei pelas células, pelos genes e pelo funcionamento dos seres vivos e decidi que queria estudar sobre aquilo por toda a minha vida. Ainda no ensino médio, fiz o Enem e consegui uma bolsa de 100% pelo Prouni na Universidade Estadual de Minas e descobri as várias áreas de trabalho para um biólogo e, desde o início, a que mais me atraiu foi a possibilidade de trabalhar com ciência”, contou Fernanda, que ainda disse que ser uma cientista era algo fora da sua realidade.
“Grande parte das pessoas, e eu não era exceção, tem a ideia de que o cientista é alguém extremamente inteligente e que tem ideias meio loucas e extravagantes. Mas ao longo do curso eu fui entendo melhor tudo o que a ciência pode trazer para nossas vidas e não teve jeito! Não conseguia mais me imaginar seguindo nenhuma outra carreira que não estivesse intimamente vinculada à pesquisa”, declarou.
Fernanda também falou que para um biólogo trabalhar como cientista no Brasil, geralmente apenas a graduação não é suficiente, sendo necessário fazer também pós-graduação e por isso, me envolvi com a pesquisa logo no início da minha graduação, através de trabalhos de Iniciação Científica e também como monitora de laboratório.
“Assim que terminei o curso de Biologia, ingressei no mestrado na Universidade Federal de Viçosa, na área de Fisiologia Vegetal. Fiz mestrado, doutorado e pós-doutorado, estudei na Alemanha e na França, oportunidades que foram essenciais para o meu crescimento profissional. Hoje trabalho e desenvolvo pesquisas no Instituto Federal Goiano, Campus Rio Verde, focando principalmente na resposta das plantas a estresses ambientais, buscando soluções para aumentar a produtividade e conservar a biodiversidade. Continuo me especializando constantemente, através da participação em congressos científicos e grupos de discussão com outros pesquisadores de áreas diversas, pois a ciência nunca para e a gente precisa correr para acompanhar”, destacou a bióloga.
Inspirada pela professora Konoe Furuya e pela mãe, Zélia Farnese, Fernanda salientou a importância da mulher na ciência, principalmente na atualidade.
“A ciência foi e ainda é, hoje, um campo dominado por homens, mas as mulheres têm ocupado cada vez mais esse espaço. Além de ser justo que uma mulher possa escolher qualquer carreira que lhe convier ou nenhuma, se for a sua vontade. Estudos demonstraram que grupos de pesquisa diversos, formados por homens e por mulheres, são mais eficientes e produzem pesquisas de maior qualidade. Por isso, ter mulheres na ciência é aumentar a eficiência da produção científica mundial”, declarou.
Por fim, a bióloga de Lagoa da Prata deixou uma mensagem de incentivo para futuras cientistas e a principal palavra que Fernanda destacou foi a ‘persistência’, pois “o caminho para fazer ciência não é fácil. É preciso dedicação, é preciso lidar com cortes de recursos frequentes e são necessários anos e anos de estudos e especializações. Mas persistam, porque o mundo precisa da ciência, e a ciência precisa das mulheres”, finalizou.