Mulheres na arte! Artistas lagopratenses falam sobre suas trajetórias e as diferentes formas de valorizar seus trabalhos

(Foto: Michely Marins/Arquivo Pessoal)

Mulheres na arte! Artistas lagopratenses falam sobre suas trajetórias e as diferentes formas de valorizar seus trabalhos

No dia 8 de março o evento “Mulheres Artistas e Empreendedoras” aconteceu na Praça da Matriz, em Lagoa da Prata. O Sou+Lagoa conversou com três artistas que se destacaram no evento, e buscou ouvir mais sobre as experiências dessas mulheres na arte, como porta-vozes de toda a classe artística.

Por meio da reportagem, buscamos reforçar a importância de valorizar e apoiar artistas para além da divulgação, uma vez que, na maioria dos casos, esse trabalho serve como complemento de renda, e tempo e dinheiro são investidos nisso. 

Cabe ainda reforçar que é função do artesão, artista ou trabalhador independente, precificar os seus produtos. O público ou os clientes muitas vezes não conhecem todo o processo de produção e os meios utilizados para chegar ao produto final, por isso, o valor não é mensurável para quem não produz.

A artesã e ceramista Michely Marins, que expôs seu trabalho com peças de cerâmica pela primeira vez, falou um pouco sobre como apoiar além da divulgação.

“As pessoas também podem comprar e valorizar o trabalho. Nem toda coisa que eu faço chega na esmaltação e na segunda queima, tem peças que quebram na secagem, e acho que isso é um dos pontos que leva a valorizar mais ainda a peça que tá pronta, que conseguiu passar por todos esses processos”, disse Michely. 

Peças de cerâmica Esmero
(Foto: Michely Marins/Arquivo Pessoal)

O processo de produção das peças de cerâmica

Após a modelagem no torno, aparelho em que a argila é colocada para girar enquanto é manuseada, a peça tem que secar em local abafado por aproximadamente uma semana. 

“Após esse período eu consigo fazer o acabamento na peça, onde eu faço a assinatura e, se for o caso, coloco alça, pés. Depois disso, a peça fica tampada por cerca de uma semana novamente, até perder toda a umidade e chegar no ponto de osso, que é quando sofre a primeira queima, a 900ºC, que é chamada de biscoito. Depois ela vai pro processo de esmaltação, passa pela sua última queima a 1240ºC, que sinteriza a peça completamente e ela se torna altamente resistente, podendo ser decorativa ou utilitária. Nenhum esmalte é tóxico, não contém metais pesados, chumbo etc.”, explicou a artesã. 

No Instagram (@esmero.art), Michely já compartilhava peças de bordado feitas a mão. Em 2020, resolveu expandir seu acervo.

Bordado Esmero
(Foto: Michely Marins/Arquivo Pessoal)

“Em fevereiro de 2020 iniciei o curso de cerâmica no Sesiminas em Belo Horizonte, mas, em decorrência da pandemia tive que parar a produção porque as aulas presenciais foram suspensas, retornando apenas em setembro.  Quando eu comecei a fazer cerâmica, ela já iria pra Esmero também, junto com os bordados. Na pandemia, fiz uma pausa nos bordados pra focar no curso de cerâmica. As primeiras peças começaram gradativamente, comecei com os pequenos até conseguir fazer um bowl, um prato…”

Atualmente, esse acervo está sendo divulgado aos poucos, e é possível conferir algumas peças feitas por ela. Além disso, pedidos e encomendas podem ser feitos pelo Instagram.

“Eu criei o perfil pra começar a postar as peças disponíveis a pronta entrega, conforme eu for fazendo, eu vou vendendo. Peças podem ser encomendadas”, falou.

Arte sobre tela

Outro trabalho de grande destaque na exposição, foi o da artista plástica Letícia Faria e sua aluna Yasmin Martins.  Em depoimento ao Sou+Lagoa, Letícia contou sobre sua trajetória.

Letícia Faria artista plástica
(Foto: Letícia Faria/Arquivo Pessoal)

“Comecei a pintar em 1998; antes eu desenhava, fazia cartazes para encontros, aulas particulares de primeira a quarta série. Sou formada em magistério porém lecionei somente um ano em escolas particulares. Mas preferi me aventurar no mundo das cores, pois era um sonho”, disse Letícia. 

Segundo ela, através do Instagram e do Facebook, é possível encontrar vários trabalhos e acompanhar sua trajetória aqui e no exterior.  Para encomendar alguma peça, ela explica que as redes também são o principal canal. “Lá você encontra meus contatos e claro, por mensagens também”.

Sobre as formas de apoio ao seu trabalho, Letícia reforçou que “é muito importante contar com um suporte, um incentivo maior principalmente da cultura. No meu caso, seria ótimo esse apoio, pois recebo convites para exposições aqui e no exterior, e com isso ao mesmo tempo estaria representando nossa cidade”. 

Letícia atualmente ministra aulas de pintura em seu ateliê e pontuou que é possível aprender do zero!

“No momento estou com quatro alunas, infelizmente com a covid tive que adiar as aulas presenciais, e agora estamos retornando. Hoje está tudo mais fácil, conheço artistas que não desenham e pintam, hoje em dia temos as facilidades como retroprojetor e outros meios pra desenhar. Se você não desenha, sim, você consegue pintar tranquilo”. 

Dúvidas sobre as aulas podem ser tiradas com ela, através das redes sociais. “As aulas geralmente são em torno de duas horas cada aula. O valor varia de quantas aulas o aluno gostaria de fazer durante a semana”, explicou a artista.

Yasmin Coelho foi mais um destaque da exposição e fez sucesso com seus desenhos.

Pintura de Yasmin Coelho

“Comecei desde pequena , sempre tive uma facilidade pra desenhar, aí procureievoluir no realismo que é meu tipo preferido”. Para adquirir algum trabalho, basta entrar em contato pelo instagram (@drawing_of_yasmin_) ou pelo whatsapp, (37) 9 9865-3103.

Ela finalizou falando sobre as maneiras que acredita para a valorização e divulgação do seu trabalho: “Acho que através de novas exposições em locais públicos, e também às vezes ajudar a levar as obras para cidades grandes como BH ou São Paulo, onde o reconhecimento artístico é maior”. 

Ana Isa