Lagopratense completa maratona mais antiga do mundo em Boston: “sonho realizado”

Lagopratense participa de maratona em Boston – Amarildo Xavier/Arquivo Pessoal

Lagopratense completa maratona mais antiga do mundo em Boston: “sonho realizado”

Viver a experiência de uma maratona é ter a certeza de superação. É mesmo querendo desistir: resistir e lutar contra cada dor, fadiga, vômito, desidratação e entre outros milhares de sintomas que aparecem ao longo dos 42,195 km. Amarildo Antônio Xavier, de 55 anos, de Lagoa da Prata já viveu isso cinco vezes. Mas nenhuma foi como a lendária de Boston, que ocorreu na última semana.

Chovia muito, os ventos de 40 km/h cortavam a pele dos participantes. Eram cerca de 30 mil pessoas agonizando devido ao frio intenso, que marcava sensação térmica abaixo de 0°C. Para Amarildo, popularmente conhecido como Zite, as coisas não estavam nada fáceis, era praticamente impossível ele completar a prova. Brasileiro, acostumado com o clima trópico, sem roupas adequadas, correndo em um local extremamente gelado! Ainda, até chegar à corrida, o lagopratense precisou enfrentar muitas adversidades.

“Para participar da maratona de Boston, o processo não foi fácil. Treinei praticamente todos os dias nos últimos seis meses e durante a preparação tive algumas lesões que me atrapalharam bastante. Precisei fazer acompanhamento com fisioterapeutas e isso dificultou o meu rendimento nos treinos. Na prova tive muitas dificuldades, chuva e vento fortes demais, muitas subidas e descidas, mas principalmente o frio, e que frio!”, exclamou o corredor.

No entanto, a vontade inimaginável em atravessar a linha de chegada da corrida mais tradicional do planeta, que ocorre desde 1897, ultrapassava todas as adversidades. Além disso, torcida e maratonistas se empenhavam em ofertar mensagens de incentivo e sorte, o que também foram essenciais para mantê-lo firme. Amarildo que é bastante perspicaz e não costuma usar a palavra “desistência” em seu vocabulário, lutou até o final para conseguir chegar ao objetivo.

“Era tudo muito difícil, o frio de matar e eu não estava com roupas apropriadas para aguentar aquilo. Além disso, nos últimos dois quilômetros a chuva aumentou muito. Achei que fosse desmaiar antes da linha de chegada, mas lutei até chegar e desabei, me levaram para a tenda médica, me deram oxigênio e me aqueceram. Sem saber nada de inglês, não tinha ideia de como encontrar meus filhos que fizeram questão de ir comigo e foram fundamentais para que esta realização fosse possível. Até que apareceu uma brasileira de Governador Valadares, a Rose que conseguiu falar com eles, ufa, que alívio!! Foi meu anjo da guarda!”, disse.

Até chegar em Boston

Amarildo é amador, não corre profissionalmente e não tem patrocinadores, mas ama o esporte e participa de corridas há dez anos. Colecionador de medalhas e troféus, o lagopratense tem em suas prateleiras diversas premiações dos primeiros lugares, em sua faixa etária.

Para correr em Boston ele precisou fazer a maratona de Porto Alegre e completar em até 3h40. Felizmente o esportista finalizou a prova em 3h25 e pôde desfrutar desta experiência, que para ele foi à realização de um sonho.

“Qualquer maratonista sonha em participar da corrida em Boston. O sentimento que fica é de missão cumprida, uma grande realização ter conseguido completar uma das provas mais difíceis do mundo”, finalizou.

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Redação