(Foto: CNN/Ilustrativa)
Infectologista de Lagoa da Prata esclarece dúvidas sobre a monkeypox, a ‘varíola dos macacos’
Em 28 de julho, a monkeypox, conhecida popularmente como “varíola dos macacos” – termo, aliás, desaconselhado pela OMS – teve seu primeiro caso fatal no Brasil. Somado a isso, o alto número de infectados no mundo todo, cerca de 19 mil confirmações, sinaliza que a situação é bastante preocupante e que exige cuidados específicos.
Um reflexo disso é que o vírus parece ter chegado ao Centro-Oeste de Minas e até mesmo à Lagoa da Prata. Na última semana, foi confirmado um caso de monkeypox na cidade de Bom Despacho e, na segunda-feira (8), uma suspeita de contaminação no município lagopratense foi confirmada pela Prefeitura.
A fim de evitar o pânico e a desinformação sobre o vírus e as formas de contaminação, o Jornal Cidade e o Sou Mais Lagoa conversaram com Adriana Cunha, médica infectologista do Hospital São Carlos, que desempenhou um importante papel na instituição nos momentos mais preocupantes da pandemia do coronavírus.
Afinal, o que é a monkeypox? Adriana respondeu que “a varíola dos macacos é uma doença viral causada pelo vírus monkeypox. É um vírus que é transmitido aos seres humanos a partir de animais”.
“O nome monkeypox vem da descoberta inicial do vírus em macacos em um laboratório em 1958. Atualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde, a maioria dos animais suscetíveis a este tipo de varíola são roedores, como ratos”, acrescentou a médica.
A principal forma de transmissão ocorre por contato próximo com lesões, fluidos corporais (saliva, esperma,etc), gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama. A médica afirmou que a transmissão entre humanos ocorre, principalmente, por conta do contato físico próximo com pessoas infectadas. Contudo, outras formas de contágio também são possíveis, como da mãe para o feto por meio da placenta e da mãe para o bebê durante ou após o parto.
Quando perguntada quais são os sintomas aos quais devemos nos atentar, ela respondeu que:”Os sintomas são muito semelhantes aos observados em pacientes com varíola já conhecida, porém menos grave. Qualquer pessoa, de qualquer idade, que apresente pústulas (bolhas) na pele de forma aguda e inexplicável, acompanhado por dor de cabeça, início de febre acima de 38,5°C, linfonodos inchados (íngua), dores musculares e no corpo, dor nas costas e fraqueza profunda, é necessário fazer exame para confirmar ou descartar a doença. É preciso estar atento, porque casos leves podem ser só pequenas e poucas lesões”.
Diante disso, ela recomendou que o contato próximo com pessoas infectadas ou materiais contaminados deve ser evitado. Além disso, luvas e outras roupas e equipamentos de proteção individual (gorro, avental, máscaras) devem ser usados ao cuidar dos doentes, seja em uma unidade de saúde ou em casa.
Ao apresentar sintomas, a infectologista sugere que as pessoas realizem uma consulta médica e, então, solicitem o exame.
“O teste de PCR é feito através de coleta de secreção da ferida, e o país já pediu registro na Anvisa para fabricar aqui mesmo”, ressaltou.
Ainda não há tratamento específico para a varíola dos macacos, mas os sintomas gerais como febre e dor podem ser amenizados com o uso de medicamentos específicos, desde que recomendados por um médico ou uma médica.
Perguntada sua opinião sobre se o país deve se preparar, como devia ter feito com a covid-19, ou se não se trata de um evento semelhante, ela responde que “a forma de transmissão até o momento parece menos eficaz que o covid-19, uma vez que é necessário contato próximo e os quadros têm sido leves, por isto não se espera que atinja proporções como o coronavírus. No entanto, é preciso observar como a doença irá evoluir do ponto de vista epidemiológico”.