“Futgirl”: Grupo de mulheres de Lagoa da Prata realiza confraternizações anuais em prol da união feminina

(Foto: Gabriel Barbosa)

“Futgirl”: Grupo de mulheres de Lagoa da Prata realiza confraternizações anuais em prol da união feminina

O Futgirl é um grupo de mulheres, que surgiu em 2020, paralelo ao já conhecido Futgolo, que era um grupo de amigos que se reunia mensalmente para jogar e confraternizar. Hoje, o Futgolo é formalizado como um time de futebol. 

As confraternizações de final de ano do Futgolo, que com dez anos de história conta com cerca de 70 membros, inspiraram as mulheres companheiras dos membros a criarem também a sua própria confraternização. 

Assim nasceu o grupo Futgirl, que apesar de não ser um time de futebol, ganhou o nome em paralelo ao grupo originário. Segundo Samanta Santos, presidente do grupo, elas tentam se reunir pelo menos oito vezes ao ano antes de dezembro, quando acontece a confraternização oficial. 

(Foto: Futgirl)

“A gente já fez reuniões onde a gente brincou de jogar futebol na Praça de Esportes, a gente fez muay thai na Praia, a gente faz festa junina… então a gente se reúne durante o ano mas o intuito é que as mulheres possam se encontrar no mesmo dia que os meninos fazem a festa no final do ano e se divertir também”, contou.

Sobre a criação do Futgirl, ela disse ter nascido da vontade de reunir mulheres para se divertirem de forma independente, assim como faziam os membros do Futgolo em suas confraternizações anuais.

“Todos os anos as meninas, que eram namoradas, esposas, etc, ficavam com raiva, digamos assim, porque eles ficavam lá o dia inteiro e elas não faziam nada. Em 2019, em uma dessas reuniões de amigas enquanto eles estavam nessa festa, a gente brincou falando que ia fazer uma festa também, que a gente ia se juntar, juntar as meninas que eram namoradas e esposas dos outros e chamar outras meninas; que a gente ia fazer uma festa no mesmo dia do Futgolo. E que a gente ia reunir mulheres: as mulheres que ‘passavam raiva’, as mulheres que se divertiam, as que às vezes não queriam sair de casa, que a gente ia reunir as pessoas para fazer uma festa também. Mas a gente jamais esperaria a proporção que o Futgirl tomou”, relatou Samanta.

Ela falou que a principal vontade era combater estigmas machistas da sociedade: “Mulher não pode sair pra beber, não pode sair pra se divertir sozinha, e eles podem. Então a gente quis fazer isso pra mostrar que a gente pode também”, explicou.

Samanta ainda disse que muitos acharam que não fosse dar certo – inclusive entre os próprios membros do Futgolo. Do sucesso na realização, surgiu uma música:

“Pra você que achou que não ia rolar, 

pra você que achou que eu ia te esperar

Pra você que achou que eu ia era dormir

Olha o Futgirl aí”.

“As meninas confiam demais no trabalho que a gente faz. A gente faz a camisa, a gente faz as canecas, a gente faz um buffet. Tem a banda que toca pra gente, tem a cervejinha que a gente ama. Todo ano que tem uma pessoa nova, a pessoa sai falando que nunca mais quer sair da festa, porque realmente é um lugar que a gente se diverte, faz amizades”, declarou. 

(Foto: Gabriel Barbosa)

Samanta relatou também que muitas das meninas que estavam lá não eram amigas próximas, mas hoje formam um ciclo de amizade. 

“Acho que a festa serviu pra primeiro, juntar [as mulheres], e mostrar pra sociedade que mulher consegue fazer uma festa sozinha, só com mulher sim, que mulher consegue se divertir e que a gente consegue fazer e dar o nosso melhor”, ressaltou ela.

A cada ano da festa a quantidade de mulheres no grupo aumentou. Hoje, são quase 60 mulheres no grupo. Conforme a presidente, elas não conseguiriam atender a um grande número de membros, então quando alguém quer participar, é preciso verificar a disponibilidade de vagas.

A confraternização de 2023 já está marcada e Samanta reforçou: é uma festa muito saudável e realizada por pessoas que tentam melhorar cada vez mais, a cada ano. Além dos eventos, o Futgirl promove ações sociais como arrecadação de brinquedos para o Natal Solidário e itens de higiene pessoal para o Serviço de Obras Sociais (SOS) – a cada ano uma instituição é escolhida.

“É muito bom ver mulheres se unindo, fazendo amizades, tendo um ciclo muito bacana mesmo”, finalizou Samanta.

(Foto: Futgirl)

Ana Isa