“Estar vivo é o que mais me motiva”, diz paratleta de Lagoa da Prata

(Foto: Márcio da Silva Oliveira/Arquivo pessoal)

“Estar vivo é o que mais me motiva”, diz paratleta de Lagoa da Prata

Cadeirante há quatro anos, Márcio da Silva Oliveira, o Marcinho, encontrou no paraciclismo a qualidade de vida, interação, entretenimento e lazer, e segundo ele, “asas”, que significam liberdade

Márcio é natural de Goianira, Goiás, mas mora em Lagoa da Prata desde os dois anos de idade, e para a reportagem especial, o Sou+Lagoa conversou com ele, que falou sobre sua trajetória, o acidente que sofreu em 2017, o paraciclismo e as competições. 

“Sou cadeirante há quatro anos e quatro meses por trauma raquimedular [TRM], devido a um acidente automobilístico na cidade de Mogi Guaçu, em São Paulo. Uma colisão entre o caminhão que trabalhava com um carro de passeio, fez com que o mesmo viesse a tombar ficando preso às ferragens. Foi necessário desencarceramento pelos bombeiros, fraturando oito costelas, perfurando os dois pulmões, fraturando também a escápula esquerda e duas vértebras onde um fragmento ósseo perfurou a medula”, contou Márcio.

(Foto: Márcio da Silva Oliveira/Arquivo pessoal)

Ele ainda disse que ficou internado no hospital da cidade de Mogi Guaçu, e passou por duas cirurgias onde foi diagnosticado paraplegia como sequela. “Após 17 dias, fui transferido para o hospital de Lagoa da Prata, fiquei internado por cinco dias até ir pra casa”. 

Hoje, aos 33 anos, Márcio é atleta do paraciclismo categoria MH3, uma modalidade de ciclismo adaptado, que também é de alto rendimento. O equipamento é uma handbike [bicicleta de mão], onde o atleta fica deitado e sua tração é feita com os membros superiores dando assim, a origem do nome “handbike”. 

Conforme o paratleta, o paraciclismo entrou em sua vida após a internação no Hospital Sarah Kubitschek. No entanto, Marcio falou que já tinha visto sobre o esporte quando estava no hospital de Mogi Guaçu, e em uma das suas buscas para saber o que era lesão medular e tentando entender o que havia acontecido com ele, esbarrou com uma reportagem com a atleta Jéssica Messali. 

“No Hospital Sarah Kubitscheck, além do aprendizado de vida diária, também é introduzido o esporte como forma de melhorias, dentre eles o tênis de mesa, basquete e vôlei, mas eu não me vi em nenhum deles. O hospital tem uma bicicleta de passeio, totalmente diferente de uma bike de competição, pedi para poder dar uma volta e foi uma sensação maravilhosa. juntando isso, os benefícios que o médico disse que teria com esse esporte, não tive dúvidas, e ao final do ano 2018 e início de 2019, amigos e familiares iniciaram várias campanhas para que pudéssemos comprar [uma bike] e deu certo”, disse Márcio. 

Paratleta há três anos, Márcio declarou que o paraciclismo para ele significa que pode recalcular as rotas após obstáculos no caminho, e que pode ser melhor se esforçando um dia por vez.

Paraciclismo que dá asas 

Sobre quem e o que mais o incentiva em sua trajetória no paraciclismo, Márcio falou que todos os dias, quando acorda, troca um “dedo de prosa” ele mesmo dizendo: “E aí, meu campeão! Olha que oportunidade maravilhosa Deus está te dando. Vai lá e construa um dia incrível, dê o seu melhor”.

 

(Foto: Márcio da Silva Oliveira/Arquivo pessoal)

 

Porém, além da automotivação, há os amigos, a família e colegas que o paratleta conhece nas competições, e até pessoas que ele nem conhece, mas que deixam sempre um recadinho nas redes sociais, são seus grandes apoiadores.

“É um carinho enorme, uma energia e um gás que fazem muita diferença, e as empresas parceiras também têm um papel muito importante nesse apoio. Estar vivo é o que mais me motiva, lembro do fatídico dia todos os dias e sei o quão perto passou de não estar mais aqui e isso me faz ser muito grato e querer ser uma versão melhor do que foi ontem”, declarou. 

Competições

Em 2019, Márcio conseguiu participar de dois campeonatos paulistas nas cidades de Taubaté e São José dos Campos trazendo medalhas de 5° lugar. O ano seguinte, 2020, foi atípico por causa da pandemia, houve apenas uma competição onde Márcio não conseguiu participar, e 2021 não foi muito diferente! Pouquíssimas competições no segundo semestre e só conseguiu participar do campeonato brasileiro realizado em Brasília, onde ficou em 11° e 9° nas provas disputadas. 

(Foto: Márcio da Silva Oliveira/Arquivo pessoal)

Para 2022, Marcio falou que o calendário está bem recheado. Ele já esteve em um campeonato paulista em Atibaia, onde trouxe para casa a medalha de 3° que atualmente é seu melhor resultado. Participou também do campeonato pan-americano que é uma competição internacional realizada em Maringá, no Paraná, e disputou com atletas da América Latina e Central – seus resultados foram de 10° e 8°.

“Temos ainda várias competições como Campeonato Paulista, Copa Brasil e Campeonato Brasileiro, distribuídas por todo o país desde Porto Alegre, no Rio Grande do Sul até João Pessoa, na Paraíba. Inclusive este ano irei iniciar mais uma campanha para poder trocar de equipamento para almejar melhores resultados, e ser assim mais competitivo, pois os demais atletas estão em constante busca de melhorias e não podemos ficar para trás, mas sozinho não consigo” falou. 

Por fim, o paratleta destacou que o esporte o transformou em uma pessoa melhor e mudou sua qualidade de vida. “Sei que posso e vou sim mais longe. Quero ainda representar meu país nos Jogos Paralímpicos”, concluiu. 

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Bárbara Félix

https://soumaislagoa.com.br

Editora-chefe no Sou+Lagoa.