(Foto: Marcus Guadalupe)
Do desenho ao artesanato: descubra artistas lagopratenses que realizam trabalhos únicos
No dia 24 de agosto é comemorado o Dia do Artista. Para homenagear aqueles que produzem beleza com as próprias mãos, o Sou+Lagoa entrevistou três artistas de diferentes segmentos, que atuam em Lagoa da Prata.
Arthur Morais é desenhista há quase dois anos, e começou a carreira com um objetivo bem estabelecido: ser tatuador. Por isso, escolheu aprimorar técnicas de desenho que envolvessem sombreamento e luz, participando de cursos de desenho realista.
“Eu sempre via as tatuagens de outros artistas e pensava ‘que incrível o cara expressar o que sente tanto no papel, quanto na pele’, e é uma coisa que sempre me chamou atenção. Acho que a tatuagem pode ir além de uma tinta na pele, ela pode ser uma mistura de lembranças, de autoestima, de histórias ou ser mesmo um ornamento bonito na pele”, relatou.
O desenhista ainda contou que a paixão pelo desenho e a vontade de tatuar surgiu no final do ensino médio, em meio à frequente dúvida de qual carreira seguir
“Eu me via muito perdido nisso, não sabia o que queria fazer. Não me encaixava em nenhuma faculdade, nenhuma área que eu procurava. Meus amigos sempre falavam que eu era muito criativo, que eu dava boas ideias, e eu fui levando isso em conta”, disse Arthur.
O artista também falou que recentemente fez o seu primeiro curso especializado em tatuagem, no qual passou 14 horas ininterruptas aprendendo novas técnicas.
“Eu vi que realmente é aquilo que eu queria. Vai ser um desafio muito grande, mas um desafio que eu estou pronto pra enfrentar. Eu não queria fazer a tattoo direto, eu queria ter uma noção, e um curso ‘técnico’ pra poder levar em conta, porque a gente consegue transformar aquilo que a gente tem em mente, em algo real, tanto na tatuagem como no desenho”, explicou.
O artista, em suas redes sociais, mostra o processo de criação de cada desenho, e pretende mostrar a criação de cada tatuagem, processo que considera mágico.
Outro artista de Lagoa da Prata é Marcus Guadalupe, que desenvolve há mais de dez anos o trabalho de manipular rochas até que se tornem artigos de arte e de decoração. As peças são únicas, dos mais variados tamanhos e formas, e feitas a partir do pelito, um tipo de rocha sedimentar maleável.
“Filho de geógrafa e arquiteto, herdei o comportamento investigativo, experimentalista e criativo dos meus pais. Desenvolvo, desde os meus dezessete anos, um trabalho original com alguns misteriosos tipos de pelito, rocha sedimentar, encontrados aqui na região de Lagoa da Prata”, contou o artista.
Seu primeiro contato com uma rocha maleável aconteceu ainda em 2003, durante um estudo de campo coordenado pela mãe, em Lagoa da Prata.
“Nessa expedição, encontramos um fragmento recentemente quebrado que nos chamou a atenção, por estar revelando um interior colorido. Quando ele recebeu água percebi que a rocha era bastante porosa e que tinha a propriedade de absorver água. Molhada, ela ficava com as cores mais vivas e mais fácil de moldar. A facilidade de moldá-la foi uma característica da rocha que me permitiu desenvolver o trabalho tal como desenvolvi”, relatou.
As rochas são moldadas com ferramentas caseiras como facas, colheres com corte, lixas e buchas. “Meu fascínio cada vez maior pelas cores que eram reveladas durante a sua manipulação, fez com que eu modelasse muitas peças, de maneira incansável”, disse o artista.
As peças moldadas, mesmo depois de prontas, eram frágeis. A partir da necessidade de tornar o material mais resistente, Marcus aprimorou o processo de produção e acabamento ao longo dos anos, passando a finalizar as peças com resina e verniz.
Hoje, o trabalho pode ser acompanhado e adquirido através das redes sociais.