(Foto: Lagoa da Prata Ponto Com/Reprodução da Internet)
“Ele sabia que a Lobatinha estava boa pelo cheiro, mas nunca bebeu uma dose”, diz filha de produtor da cachaça
Lagoa da Prata já é famosa em batizar boas cachaças, gins e cervejas, mas se engana quem pensa que as produções começaram há pouco tempo. Nosso povo é centenário na arte das produções alcoólicas! Lá em 1921, em terras lagopratenses, precisamente na Fazenda Olaria, começavam os trabalhos para produzir a “prestigiada Lobatinha”, que neste ano, celebra 100 anos.
Pelos relatos dos livros “Lagoa da Prata – Retiro do Pântano” e “Passo a Passo 1900 – 2000, Compêndio Escolar” de Silvério Rocha de Oliveira, a fábrica da Lobatinha, indústria pioneira na cidade, foi inaugurada em 1920. No entanto, a cachaça começou a ser produzida em 1921 na Fazenda Olaria e seguiu sendo feita até a década de 80. O alambique teve vários donos e sócios com o passar dos anos, entre eles, José Teotônio de Castro e Otaviano de Castro; hoje, o nome é patenteado a André de Castro, de acordo com informações do portal Lagoa da Prata Ponto Com.
Atualmente, a bebida já não é mais produzida em Lagoa da Prata, mas há muita história para contar. Em um #quiz publicado pelo #soumaislagoa, vários internautas comentaram e mostraram como a cachaça era popular.
Outro comentário foi de Elisa Ribeiro, que falou que seu pai trabalhou fabricando a cachaça por 37 anos – o pai de Elisa é Delcídio de Vasconcelos Ribeiro, mais conhecido como “senhor Dico”.
“Meu pai era o alambiqueiro encarregado, mas passou por diversos setores, como a caldeiraria, foi engarrafador da cachaça. Ele tinha todo o controle do prazo da fermentação da temperatura da Lobatinha”, disse Elisa ao #soumaislagoa.
Na conversa com a redação, ela destacou um fato bem curioso que o pai relatou sobre o seu trabalho na produção da cachaça. “A maior curiosidade era que ele sabia que a Lobatinha estava boa pelo cheiro, mas ele nunca bebeu uma dose da cachaça, acredita? Ele amava o que fazia, fez inúmeras amizades, ensinou muita gente a trabalhar no alambique e presenciou muita alegria e tristeza”, declarou.
Elisa ainda contou que todo final de ano, o pai levava leitoas assadas e uma garrafa da Lobatinha para os funcionários e fornecedores. Um detalhe destacado por ela, foi o embrulho no papel celofane amarelo. “Era muito lindo o embrulho da cachaça e enchia os olhos de quem recebia o presente. Eu e meus irmãos, Denílson e Alfredo íamos com ele entregar as leitoas e as garrafas da cachaça na Usina Luciânia e em fazendas. Era incrível”, falou.
Por fim, a filha do senhor Dico destacou que não tem um dia que o pai não fale da Olaria, fazenda onde havia o alambique.
“Ele hoje está com 85 anos e para nós, os filhos, é uma honra em saber que ele, com toda humildade e pouquíssima instrução, foi um grande funcionário, exerceu com muito carinho, zelo, honestidade e ética, tudo que lhe foi designado. A Lobatinha e o alambique era a vida dele”, finalizou.