Espírito Aventureiro: Acolhido da Comunidade ‘Árvore da Vida’ revela jornada até Lagoa da Prata

Edmundo Bezerra dos Santos (41) reside na Comunidade Árvore da Vida de Lagoa da Prata há dois anos. (Foto: Arquivo Pessoal).

Espírito Aventureiro: Acolhido da Comunidade ‘Árvore da Vida’ revela jornada até Lagoa da Prata

Além de ser uma bela cidade com paisagens exuberantes, Lagoa da Prata é berço de grandes pessoas, que acolhem com carinho todos aqueles que chegam para fazer da terra lacustre, lar. Edmundo Bezerra dos Santos de 41 anos que sempre viveu com o “pé na estrada”, veio de Anápolis, Goiás, junto com a família há mais de 20 anos para morar na antiga Vila Luciânia, localizada próxima da usina de açúcar e álcool, atualmente Biosev.

Por lá ficaram dois anos, até a greve dos canavieiros, em meados de 1988 e não puderam residir mais na antiga vila, mudando-se para a cidade. Porém, desde a infância com o espírito livre e já acostumado com idas e vindas, Edmundo não conseguiu fixar-se como fizera sua família e aos 14 anos decidiu seguir seu próprio caminho.

Em uma conversa com a redação do Sou + Lagoa, Edmundo contou que com apenas 8 anos de idade já percorria toda Anápolis, sua cidade natal. Sempre gostou de arriscar-se e colocar o pé na estrada, mesmo que fosse só dentro dos ônibus, indo vagando pela cidade o dia todo, a ponto de chegar a dormir na casa do motorista ou no terminal de ônibus, tudo isso porque passava o dia dentro dos coletivos.

“Quando viemos para Vila Luciânia eu não parava em casa. Eu saía e ficava no centro de Lagoa, simplesmente andando, ou na casa dos meus amigos. Fui acostumado com cidades maiores, então morar na usina era estranho”, informou.

Edmundo e sua família vieram de Anápolis/GO para morar na antiga Vila Luciânia. (Foto: Vila Luciânia/ Divulgação).

Após a greve que fez com que os residentes da vila abandonassem o lugar, a família de Edmundo foi morar em Lagoa da Prata. Porém, o jovem de 16 anos na época, com espírito aventureiro decidiu seguir caminho e durante a trip, ele passou por Minas, Brasília, Mato Grosso, São Paulo, foi parar até fora do país, na Argentina. Mas conforme ele, esta escolha trouxe algumas consequências. O modo de viver não foi fácil e Edmundo passou por muitas humilhações durante o caminho.

“Várias vezes em São Paulo, eu precisei pedir bilhetes para andar de ônibus pois não tinha dinheiro e muitas dessas não conseguia ganhar, então dormia na rodoviária mesmo. Algumas pessoas humilhavam bastante”, contou.

Durante esta caminhada aventureira pela grande São Paulo, Edmundo decidiu fazer uma parada após ter recebido uma oferta de emprego. Vagueando por lá, sem lugar para ficar, acabou descobrindo que a proposta de emprego na verdade não existia. Mas por providência divina, como ele mesmo relatou, uma comunidade católica o acolheu durante três dias e o perguntaram se gostaria de ficar. No entanto, Edmundo sabia que seu coração pertencia a outro lugar, bem longe da grande zona metropolitana e pediu para que o ajudassem a voltar.

“Eu pedi a eles que me mandasse para cá, eu falei que queria vir para Lagoa da Prata, pois já conhecia algumas pessoas aqui, e me identifico mais com esta cidade. Então eu vim para cá, mesmo sem tendo um lugar para morar a princípio. Quando cheguei eu entrava em construções civis e dormia por lá mesmo. Então um conhecido meu, o Lelo, me apresentou à comunidade Árvore da Vida e fui acolhido”, disse.

Já há dois anos que Edmundo reside na comunidade Árvore da Vida, que também é o Mosteiro Maria Porta do Céu, e de certo é um lugarzinho no Paraíso para ele, onde encontra com seus irmãos todos os dias, e também seu grande companheiro Jesus. E ele é bastante querido por seus irmãos de comunidade! Segundo a vocacionada Nahine, Edmundo sempre é bem tranquilo e receptivo.

“Ele sempre está disposto a ajudar quando precisamos”, declarou.

De uma fé inabalável, e com muita esperança pelos caminhos a percorrer, Edmundo tem sonhos, e um deles é ter seu próprio cantinho, mas espera paciente, pois como ele diz ‘tudo no seu devido tempo’, afinal está em casa, com uma família que o ajuda e cuida.

“Sou grato a Deus por ter me dado a oportunidade de conhecer a comunidade, porque se não fosse por eles, eu nem sai onde estaria agora”, declarou Edmundo.

Essa jornada de vida, mesmo sendo arriscada, permitiu que Edmundo adquirisse bastante conhecimento de mundo, sabedoria e como se deve tratar o seu próximo, como por exemplo, o ensinamento: ‘não faça com o outro o que não quer que façam com você’, e perante as humilhações que sofreu ao longo de sua vida, ele aprendeu a ser humilde e bom, o que faz dele um grande ser humano.

Os caminhos percorridos não foram poucos, mas levaram Edmundo até uma parada permanente – por enquanto,  a comunidade que é além de um lugar de acolhida, é  o seu lar, onde recebe todo o amor e carinho de sua então, família.

Redação