(Foto: Rafael Robatine)
Especialistas falam sobre incêndios no período de estiagem e danos à saúde causados pela fumaça
Bárbara Félix
Nos meses de agosto e setembro, o número de incêndios aumentou consideravelmente, principalmente neste período em que o Centro-Oeste MG passa pela fase mais crítica de estiagem, e em Lagoa da Prata, a previsão é de clima seco e altas temperaturas nesta semana, segundo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Ainda segundo Inmet, na região a umidade relativa do ar pode variar entre 20% e 12%, causando risco de incêndios florestais.
Para saber mais sobre os incêndios neste período de estiagem no município, a redação conversou com especialistas. Conforme o secretário de Meio Ambiente, Lessandro Gabriel, em Lagoa da Prata tem ocorrido diversos incêndios e com isso, várias ações estão sendo feitas para o combater o fogo em áreas verdes, lotes e terrenos, com o apoio da Biosev e também do Saae. “Em casos de incêndios mais graves, acionamos o Corpo de Bombeiros e Policia Ambiental. Nós temos fiscalizado e contido alguns focos de incêndio. Acredito muitos não são criminosos; há muitas garrafas de vidro jogadas e outros resíduos em terrenos baldios ou lotes, que podem provocar incêndios neste período de seca, mas creio que 90% dos incêndios em Lagoa da Prata são criminosos”, disse Lessandro.
O secretário ainda falou que além da prevenção contra incêndio na área urbana do município, na zona rural também têm ocorrido bastante, queimando a vegetação. “É um processo onde ainda temos que conscientizar muito as pessoas. Às vezes acontece um incêndio em uma área verde ou área de preservação, e pedimos suporte, mas ao chegar lá não conseguimos entrar com facilidade para conter esse fogo, pois há algumas barreiras de preservação, onde o caminhão não entra”, explicou.
A redação também falou com o ambientalista Saulo de Castro, que alegou que só nos últimos 90 dias, já ocorreram várias intervenções e queimadas, e alertou que o melhor remédio é a prevenção. “Para tanto já temos leis suficientes para fazermos com que os incêndios sejam evitados. Todavia, essas leis não são aplicadas e porque não? Precisamos entender a dinâmica dos incêndios e porque são tão difundidos. Nossa cidade possui milhares de lotes vagos por todos os lados. A lei prevê que os donos dos lotes os mantenham limpos para evitar as queimadas, mas não há um olhar rigoroso quanto a isso, assim, ninguém é punido”, disse Saulo, que completou falando que o ato de atear fogo em lotes e terrenos é uma tática barata, rápida e de “sucesso garantido”, e que são incontáveis as reclamações de moradores devido a fumaça. “Temos tentado combater essa prática, mas não tem sido fácil, mas se a população, os empresários e o poder público precisam se conscientizar que nossa água vem do subsolo e, essas Áreas de Preservação Permanente (APP’s) são fundamentais para a manutenção dos reservatórios”, destacou.
A redação também falou com, a enfermeira Jordânia Lélis Vidal Batista, de Lagoa da Prata, que salientou sobre os danos à saúde causados pela fumaça. Além disso, falou também sobre o tempo seco e deu recomendações para cuidados de saúde para este caso. Segundo a enfermeira, levando em conta as condições climáticas da região e as queimadas frequentes, e ainda por estar período de estiagem caraterizado pela insuficiência de precipitação pluviométrica (chuva) e aumento das temperaturas, mediante essa baixa umidade do ar, tanto as vias respiratórias quanto a pele merecem um cuidado especial. “Diante do exposto recomenda-se a hidratação oral, uso nasal de soro fisiológico a 0,9%, hidratação da pele e uso de protetor solar. E por fim é muito importante manter a higiene doméstica em dia, diariamente passar um pano úmido no piso e móveis afasta a poeira e protege a saúde. Os ambientes devem ser umidificados com toalhas molhadas, reservatórios de água e até umidificadores promovendo assim um local arejado e agradável”, explicou Jordânia.
Ela ainda pontou sobre este período de pandemia, onde muitas pessoas ainda estão em isolamento domiciliar devido ao coronavírus, e quem tem o vírus, passa a ter dificuldade em respirar. Redação questionou a enfermeira se por acaso ocorrer um incêndio próximo à residência da pessoa, se a fumaça poderia complicar o quadro da doença.
Conforme Jordânia, considerando os agravos relativos à Covid-19, muitas pessoas desenvolvem sintomas respiratórios, e destacou que o clima seco e as queimadas tornam-se um agravante, podendo contribuir com a piora do quadro clinico.
“A fumaça proveniente das queimadas pode afetar muito à saúde das pessoas, agravando doenças respiratórias, como asma, bronquite, rinite e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) em alguns casos, ela pode até mesmo provocá-las em indivíduos sadios. Isso acontece porque as partículas presentes na fumaça são formadas de compostos químicos que, ao serem inalados, afetam o sistema respiratório prejudicando as trocas gasosas”, finalizou.
Na tarde de quarta-feira (16), em um registro feito pelo cinegrafista Rafael Robatine, é visível a nuvem de fumaça no céu de Lagoa da Prata. O Sou+Lagoa publicou o vídeo nas redes sociais, o a população teve seu lugar de fala nos comentários da publicação. Clique aqui e assista o vídeo.
Confira alguns dos comentários:
Renata Carolina (@renatacarolina88), comentou “Aqui perto da minha casa tá demais,tenho crianças em casa tem que usar vapor todos os dias (…)”;